A noite de
ontem fiquei insone!
Fiquei a imaginar a
situação de cada pai e/ou mãe de família punido (a) pelo justo direito de
reivindicar o que lhe é de direito: trabalhar em condições dignas e receber o
que é legalmente justo e lhe é devido.
Soube à noite, que
ha colegas cujo contracheque acusa R$ 50,00, R$ 100,00, R$ 150,00. Simplesmente
por serem professores dos filhos da classe trabalhadora.
É uma lástima,
pois ainda ha entre nós, asseclas da "Vigarista" que, ungidos à condição de
vassalos, ocupam postos na vassalagem administrativa da Educação!
Lamento
profundamente, por todo (a)s pais e mães de familias que estão pagando tamanho
preço por andarem de cabeça erguida e não se curvarem diante do insano e
desatinado gesto da “Vigarista”.
Aprendi que: “o que
não é para sempre a gente atura”!
segue
um texto de um amigo e companheiro para que meus outros amigos e compoanheiros
também possam ficar sabendo do que está acontecendo aqui no MA com a classe dos
professores.... Peço que leiam, por favor!
SINPROESEMMA: greve, descontos salariais e
construções de realidades.
O texto e o
desconto
O filosofo
“existencialista” Jean Paul Sartre (1905-1980) imprimiu marcas que instigam o
meu pensamento, desde as primeiras leituras que fiz dele, nos idos de 80. As
noções de “contigente” e “necessário”, p. e., são duas dessas marcas. Por isso,
afirmo que a produção deste texto carrega a marca da “necessidade”. Eu tinha que
produzi-lo. Sua existência se fez “necessária” para mim.
Quero dizer, por
“necessário”, que produzi-lo se tornou um imperativo, ainda que o
(des) governo de Roseana me tivesse pago o salário de abril/11, na sua
integralidade. O produziria, também, na outra hipótese, de não me ter sido pago
nada do período (não) trabalhado. Assim, produzi-o porquê o atual (des) governo
do Maranhão me retirou R$652,00 (seiscentos e cinquenta e dois reais),
referentes a doze (12) dias do mês em curso. Anexo o meu contracheque para que
os colegas educadores do Maranhão – e do Brasil! --, saibam o que os Sarneys já
sabem: no Maranhão dedicar-se permanentemente a estudos não faz alcançar
reconhecimento funcional e/ou salarial correspondente, excluídas aí as hipóteses
de “neutralidade cientifica”, de se aceitar silenciar o entendimento que a
educação proporciona das/dos causas/causadores dos clamores populares e de
cooptação.
Aproveito para me
solidarizar com os colegas e famílias que sofrem, neste momento,
descontos iguais, maiores ou menores..
O ato
administrativo-político de desconto dos meus R$652,00 (seiscentos e cinquenta
dois reais) não teve o fim de alcançar as carências alimentares dos meus filhos.
Não! Este não é o seu objetivo estratégico-político. Os Sarneys têm pavor é dos
efeitos emancipatórios que os livros/autores que esse valor confiscado poderia
proporcionar no pensamento e nas ações de educadores como eu. Os
R$861,00 (oitocentos e sessenta e um reais) que me foram “autorizados”, eles
“deixaram” para que eu compre o “pão” e pague a “água” com os quais devo passar
nestes dias tenebrosos.
O que os Sarneys não
sabem é que os livros que já li (apreendi) e as influências teóricas e
relacionais que carrego até aqui, bastam-me para negá-los, como a representação
política da maldade sobre o povo maranhense.
Reações aos
descontos
Não é de Sartre, porém,
que me vem a inspiração para continuar este texto, dirigido especialmente a nós
educadores, mas pertinentes a outros maranhenses que sofrem os reveses do (des)
governo Roseana.
É de Walter Benjamim
(1892-1940) que me vem a inspiração. São de Benjamim, portanto, e não de Sartre,
as expressões aspadas a seguir. Uso-as para entendermos este momento
maranhense.
O filosofo
“frankfurtiano”, com é sabido, debruçou-se sobre vários aspectos do conhecimento
humano, razão que o faz ser percebido como “indefinível” por muitos dos seus
comentadores. Por isso, esclareço que me refiro aqui particularmente às suas
teses “sobre o conceito de História” (1940).
Nas teses, Benjamim
operacionaliza as noções de “fatalismo melancólico” e “pessimismo
revolucionário”. A primeira noção, para nos falar do que ele chama de
“indolência do coração”, significando a postura daqueles que olham para os
Sarneys e a realidade cruel que eles são majoritariamente responsáveis, e dizem:
não é possível vencê-los. A outra noção, com o sentido da negação da realidade
construída principalmente pelos Sarneys – esgotada, falida! Os partidários desta
noção, sabemos que a luta pode destruir a realidade sarneyzista e construir
outra realidade, favorável à maioria excluída do nosso povo.
Coloco-me no grupo dos
“pessimistas revolucionários”, porque não vejo outra razão para a História senão
que negar realidades opressivas e outro papel para os educadores comprometidos
que o de lutar pela construção dessa outra realidade que os Sarneys não podem
permitir que seja construída.
Os Sarneys, meu bom e
velho Mario Quintana (1906-1994), “eles passarão” e nós – educadores --,
“passarinhos”! Quer dizer, os Sarneys são uma “contingência”; nós, educadores,
somos “necessários”!
_________________________________________________
Francinaldo
Morais, professor de História, Caxias-MA.
Dedico este
texto aos educadores Jaison Castro, um benjaminiano com quem convivi no MHB-UFPI
e Hertz Dias, que não pára seu “pessimismo revolucionário”.
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