AVENIDA VIROU UM RIO EM ALTO PARNAÍBA
Na tarde de 01 de novembro, uma chuva forte, porém
não uma tormenta, de poucos minutos transformou ruas e avenidas da cidade sul
maranhense de Alto Parnaíba em rios. Não estou exagerando. Na avenida
principal, a Rio Parnaíba, que dá acesso da margem do Velho Monge, onde a cidade
nasceu, à rodovia estadual para Balsas, o grande volume de água fez lembrar o
maior rio exclusivamente do nordeste. Um agravante: as águas carregadas pelas
chuvas transportam mais lixo, entulho, lama do que o próprio Parnaíba, que
também sofre maus tratos em razão do homem.
O rio da avenida passa levando
tudo, traz água de esgotos e rompe fossas, calçamento e asfalto, invade casas,
assusta as pessoas. O rio da avenida é fruto da não conservação das galerias e bueiros
que impossibilitam o trajeto natural das águas; é o lixo, o mato e a lama
acumulados há meses, desafiando os cidadãos que pagam impostos e a própria higiene
da cidade, que nunca foi tão mal cuidada. O rio da avenida leva feses e urinas
de ratos e outros bichos transmissores de inúmeras doenças aos seres humanos. O
rio da avenida deixa a cidade fedorenta como se exalasse o próprio odor
insuportável da corrupção e da impunidade.
Prefiro o rio de verdade, o Parnaíba com suas águas
vermelha no inverno, em razão do afluente Uruçuí Vermelho, do lado piauiense,
cujo nome diz tudo. É o vermelho vermelho do vermelho lindo, conforme imortalizou
o nosso poeta Luiz Amaral em seu insuperável Bilhete ao Parnaíba. O que não
diria o poeta se estivesse entre nós e presenciasse o quanto sua amada Victória
está sendo maltratada? Com certeza e da autoridade moral inatacável, levantaria
a voz e a escrita e faria com que as pedras clamassem.
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