DIÁCONO DE BALSAS FALA SOBRE
ORDENAÇÃO
Que Deus
nos dê a sua Luz!
Foto: Arquivo de Iran Gomes |
Prezados irmãos e estimadas irmãs,
minhas palavras são, hoje, de louvor e gratidão. Louvor a Deus, Artífice de
todas as coisas. Gratidão aos meus pais, colaboradores natos do Grande Artífice
da pequena criatura que sou eu! Gratidão às muitas pessoas com as quais, no
curso da vida, tenho encontrado.
Cá entre nós, o encontro com o
outro é significativo na vivência cristã porque nos ajuda a redimensionarmos em
nossa vida a existência do Grande Outro (Deus) que, pleno em amor e
misericórdia, solidário da nossa condição de frágeis humanos que somos, se fez
um outro de nós em Jesus de Nazaré, afim de nos levar a alturas que por nós
mesmos jamais chegaríamos. Fez-se um de nós porque o Senhor de nossas vidas é
um Deus cheio de compaixão para com os pobres e com todos os que vivem nas mais
variadas condições de aviltamento.
Não me custa nada relembrar o que
dizia em carta, quando, ao Dom Enemésio e ao conselho presbiteral me dirigia solicitando
o ministério do diaconado: Não tenho dúvida de que a ideia da Igreja cuidar dos
pobres, dos indefesos e marginalizados foi povoando a minha imaginação e, por
isso, impelido ao ministério ordenado. Em outras palavras, a presença da Igreja
ao lado dos pobres, de ir ao povo, de pregar para quem mais precisa, em defesa
de quem mais precisa, pregar a justiça social me cativou.
Essa Igreja tem, portanto, me feito
entender que religião e serviço fraterno são duas verdades que não se separam.
Religião deve, necessariamente, supor vida em comum, partilha, comunidade,
enfim, gente que busca junto a mesma verdade libertadora, que é Deus.
Neste sentido, peço de todos suas orações,
de maneira que eu me faça não apenas homem de boa vontade, o que já é alguma
coisa, mas que nas minhas ações do cotidiano desvelem o substrato de um projeto
de alteridade, de serenidade, de alguém que se encontrou com o Senhor e, por
isso, faz opção pela humanidade e a tudo que a envolve, espelhado em seu Senhor.
Afinal de contas, é deste tipo de ministros que a Igreja precisa para levar a
diante aquilo que deve ser sua Tradição: Mãe e Mestra em Humanidade, Escola de
Amor e Caridade Fraterna, Anunciadora e Servidora do Reino.
E o diaconado no mais pleno sentido
do termo, tem tudo a ver com o princípio norteador da Igreja. É um dos
primeiros e mais significativo ministério da Igreja. Surgiu com os apóstolos e
deve exercer hoje, como na sua gênesis, um serviço vital para que a Igreja
encontre sua identidade ao modo do Servo de YHWH. Sua função fundamental é animar, reavivar e
organizar a comunidade em vista do serviço ao pobre, do anúncio da Palavra e da
participação na liturgia (Francisco Taborda).
Ora, mesmo sendo este um diaconado
transitório, o ideal é que, depois, me faça presbítero sem deixar de ser
diácono. Até mesmo porque, só quem pensa, se percebe e age como um diácono
merece também ser chamado de presbítero, bispo ou papa. Erra quem pensa que
entre esses ministérios tem aquele que confere mais poder ou menos poder, mais
privilégio ou menos privilégio. E acerta quem entende esses ministérios como
compromisso e responsabilidade. Neles, o único poder que deve existir, é o
poder da máxima de Santo Inácio de Loyola que cantamos no início da celebração:
em tudo amar e servir.
Portanto, rezem para que em mim
seja, cada vez mais forte, a mentalidade de diácono, daquele que serve, atitude
de quem aprendeu a lição de Jesus quando diz: o Filho do Homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muito (Mc 10, 45).
Sem mais, registro agradecimento
todo especial aos meus formadores: Dona Amélia Amaral, padre Jorge Miranda, padre
Pedro Fonte (para quem peço orações), padre João Filho e padre Vitório.
Agradeço, também, ao padre Elcivan, a quem considero amigo, irmão e, por que
não dizer formador? Que Deus o abençoe!
Agradeço, ainda, ao Dom Enemésio e
aos padres da nossa diocese aqui presentes. Certamente, abriram mão de
compromissos pessoais e, quiçá, importantes também. Mas, com tal gesto,
exprimem uma nobre compreensão de ser Igreja. Deixam a entrever, com isso, que
uma Igreja particular deve caminhar de maneira sinodal (articulada), e que numa
caminhada eclesial, não raras vezes, temos de sacrificar o EU em função do
outro para gerar um nós, o coletivo. Isso tem nome: ascese humana. A vocês
padres, muito obrigado e continuem cultivando essa ascese, vocês e a Igreja
ganham. Vejam: se porventura eu não fizer essa e outros tipos de asceses
necessárias, eu aceito ser cobrado, corrigido e ajudado. Como diz padre
Zezinho: não existe construção de relações sólidas sem ascese! Agradeço aos
seminaristas e ex seminaristas (Seminário Dom Oscar Romero e Fraternidades Dom
Helder Câmara e Dom Luciano Mendes de Almeida -BH), com os quais convivi para
aprender. De cada um deles, a seu modo, aprendi e me sinto devedor. Para eles,
peço de Deus realizações e felicidades.
Por fim, agradeço a todos vocês que
vieram de perto e de longe, aos cantores e envolvidos na liturgia, aos fiéis de
Balsas, sobretudo, aos assíduos participantes da liturgia dominical da Igreja
Catedral, que hoje rezaram e acompanharam o rito por meio do qual a Igreja me
faz diácono.
Cabe-me, portanto, zelar deste
ministério, de maneira a compreender que o serviço da Palavra, do altar, da
caridade, ser servo de todos, apanágio de Jesus, antes de ser projeto para
auferir vantagens pessoal, é dom de Deus e a Igreja é quem chama!
Serviço e humildade, duas palavras
inerentes ao diaconado e a todo ministério ordenado, belíssimas quando vividas nos
moldes do Grande diácono, Jesus Cristo.
Muito obrigado a todos. E Que Deus
nos dê a sua Luz!
Escrito por: Iran Gomes Brito
Diácono da Diocese de Balsas-MA
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