terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DIÁCONO DE BALSAS FALA SOBRE ORDENAÇÃO

DIÁCONO DE BALSAS FALA SOBRE ORDENAÇÃO
Que Deus nos dê a sua Luz!
Foto: Arquivo de Iran Gomes
Prezados irmãos e estimadas irmãs, minhas palavras são, hoje, de louvor e gratidão. Louvor a Deus, Artífice de todas as coisas. Gratidão aos meus pais, colaboradores natos do Grande Artífice da pequena criatura que sou eu! Gratidão às muitas pessoas com as quais, no curso da vida, tenho encontrado.
Cá entre nós, o encontro com o outro é significativo na vivência cristã porque nos ajuda a redimensionarmos em nossa vida a existência do Grande Outro (Deus) que, pleno em amor e misericórdia, solidário da nossa condição de frágeis humanos que somos, se fez um outro de nós em Jesus de Nazaré, afim de nos levar a alturas que por nós mesmos jamais chegaríamos. Fez-se um de nós porque o Senhor de nossas vidas é um Deus cheio de compaixão para com os pobres e com todos os que vivem nas mais variadas condições de aviltamento.
Não me custa nada relembrar o que dizia em carta, quando, ao Dom Enemésio e ao conselho presbiteral me dirigia solicitando o ministério do diaconado: Não tenho dúvida de que a ideia da Igreja cuidar dos pobres, dos indefesos e marginalizados foi povoando a minha imaginação e, por isso, impelido ao ministério ordenado. Em outras palavras, a presença da Igreja ao lado dos pobres, de ir ao povo, de pregar para quem mais precisa, em defesa de quem mais precisa, pregar a justiça social me cativou.
Essa Igreja tem, portanto, me feito entender que religião e serviço fraterno são duas verdades que não se separam. Religião deve, necessariamente, supor vida em comum, partilha, comunidade, enfim, gente que busca junto a mesma verdade libertadora, que é Deus.
Neste sentido, peço de todos suas orações, de maneira que eu me faça não apenas homem de boa vontade, o que já é alguma coisa, mas que nas minhas ações do cotidiano desvelem o substrato de um projeto de alteridade, de serenidade, de alguém que se encontrou com o Senhor e, por isso, faz opção pela humanidade e a tudo que a envolve, espelhado em seu Senhor. Afinal de contas, é deste tipo de ministros que a Igreja precisa para levar a diante aquilo que deve ser sua Tradição: Mãe e Mestra em Humanidade, Escola de Amor e Caridade Fraterna, Anunciadora e Servidora do Reino.
E o diaconado no mais pleno sentido do termo, tem tudo a ver com o princípio norteador da Igreja. É um dos primeiros e mais significativo ministério da Igreja. Surgiu com os apóstolos e deve exercer hoje, como na sua gênesis, um serviço vital para que a Igreja encontre sua identidade ao modo do Servo de YHWH.  Sua função fundamental é animar, reavivar e organizar a comunidade em vista do serviço ao pobre, do anúncio da Palavra e da participação na liturgia (Francisco Taborda).
Ora, mesmo sendo este um diaconado transitório, o ideal é que, depois, me faça presbítero sem deixar de ser diácono. Até mesmo porque, só quem pensa, se percebe e age como um diácono merece também ser chamado de presbítero, bispo ou papa. Erra quem pensa que entre esses ministérios tem aquele que confere mais poder ou menos poder, mais privilégio ou menos privilégio. E acerta quem entende esses ministérios como compromisso e responsabilidade. Neles, o único poder que deve existir, é o poder da máxima de Santo Inácio de Loyola que cantamos no início da celebração: em tudo amar e servir.
Portanto, rezem para que em mim seja, cada vez mais forte, a mentalidade de diácono, daquele que serve, atitude de quem aprendeu a lição de Jesus quando diz: o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muito (Mc 10, 45).
Sem mais, registro agradecimento todo especial aos meus formadores: Dona Amélia Amaral, padre Jorge Miranda, padre Pedro Fonte (para quem peço orações), padre João Filho e padre Vitório. Agradeço, também, ao padre Elcivan, a quem considero amigo, irmão e, por que não dizer formador? Que Deus o abençoe!
Agradeço, ainda, ao Dom Enemésio e aos padres da nossa diocese aqui presentes. Certamente, abriram mão de compromissos pessoais e, quiçá, importantes também. Mas, com tal gesto, exprimem uma nobre compreensão de ser Igreja. Deixam a entrever, com isso, que uma Igreja particular deve caminhar de maneira sinodal (articulada), e que numa caminhada eclesial, não raras vezes, temos de sacrificar o EU em função do outro para gerar um nós, o coletivo. Isso tem nome: ascese humana. A vocês padres, muito obrigado e continuem cultivando essa ascese, vocês e a Igreja ganham. Vejam: se porventura eu não fizer essa e outros tipos de asceses necessárias, eu aceito ser cobrado, corrigido e ajudado. Como diz padre Zezinho: não existe construção de relações sólidas sem ascese! Agradeço aos seminaristas e ex seminaristas (Seminário Dom Oscar Romero e Fraternidades Dom Helder Câmara e Dom Luciano Mendes de Almeida -BH), com os quais convivi para aprender. De cada um deles, a seu modo, aprendi e me sinto devedor. Para eles, peço de Deus realizações e felicidades.
Por fim, agradeço a todos vocês que vieram de perto e de longe, aos cantores e envolvidos na liturgia, aos fiéis de Balsas, sobretudo, aos assíduos participantes da liturgia dominical da Igreja Catedral, que hoje rezaram e acompanharam o rito por meio do qual a Igreja me faz diácono.
Cabe-me, portanto, zelar deste ministério, de maneira a compreender que o serviço da Palavra, do altar, da caridade, ser servo de todos, apanágio de Jesus, antes de ser projeto para auferir vantagens pessoal, é dom de Deus e a Igreja é quem chama!
Serviço e humildade, duas palavras inerentes ao diaconado e a todo ministério ordenado, belíssimas quando vividas nos moldes do Grande diácono, Jesus Cristo.
Muito obrigado a todos. E Que Deus nos dê a sua Luz!
Escrito por: Iran Gomes Brito
Diácono da Diocese de Balsas-MA

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