EXECUTIVO,
LEGISLATIVO, JUDICIÁRIO E
IMPRENSA MASSACRAM OS PROFESSORES
IMPRENSA MASSACRAM OS PROFESSORES
Nunca na história do Maranhão se
assistiu a um massacre tão cruel a uma classe que deveria ser prestigiada,
estimulada, priorizada e, sobretudo, respeitada como a classe dos professores.
Uma campanha sórdida contra a categoria que usa a
greve como único e último instrumento para garantir seus reais interesses e
preservar os direitos.
Muito antes da greve dos professores da rede
estadual de ensino, deflagrada neste mês, o Governo do Estado sabia previamente
da pauta de reivindicação da categoria, que acabou ludibriada.
Os mestres pleiteavam, como ponto principal da
pauta, um aumento de 40%, ainda que escalonado. Disto todos sabiam.
Mas o Governo do Estado, no curso das negociações,
apresentou um escalonamento que vai além do mandato da atual ocupante do
Palácio dos Leões. Um jogada perigosa. Um engôdo futuro, para ser mais
verdadeiro.
Bastou o início da greve, o Palácio armou-se com
todos os dentes e as garras dos leões para atirar os professores na jaula.
Massificou uma campanha para mostrar que os
salários da categoria são os melhores e maiores do país, ao ponto de
responsabilizar os professores pelos péssimos índices educacionais no Maranhão.
Se o professor ganha bem, qual a razão da péssima
qualidade de ensino? Uma insinuação descabida. Tirou de sí a responsabilidade e
jogou nas costas calejadas dos mestres. O educador deveria, sim, ganhar muito
mais. E ao governo caberia implantar políticas públicas sérias para o setor e
exigir dos professores a execução dos seus programas educacionais.
Mas não parou por aí, não. Usou toda a imprensa
alinhada para jogar a sociedade contra os grevistas, principalmente os pais e
alunos.
Toda a estrutura da Secom é utilizada diariamente
para mostrar que os professores são os bandidos e o governo o mocinho. A que
ponto chegamos.
Com o Legislativo, que tem sido sempre um apêndice
do Executivo, não poderia ter sido diferente. Acocorada eterno aos desejos do
Palácio dos Leões, a Assembléia Legislativa não honrou o nome que tem do
guerreiro Manoel Bequimão.
Ensaiaram reuniões como se estivessem na causa dos
professores ou mesmo na busca de soluções para o fim da greve. Puro teatro. Os
professores foram a sede do Assembléia colocar suas reivindicações. Os
deputados foram agachados ao gabinete da secretária de Educação. Quanta
disfarçatez.
Aí o Judiciário entrou em campo na condição de
árbitro, daqueles que apitam sempre a favor dos mais fortes. O TJ decretou a
ilegalidade da greve, alegando que as negociações haviam sido interrompidas
antes de esgotadas.
Como antes de esgotadas se todas já sabiam da posição
irredutível do Governo do Estado? Então só deve prevalecer a voz e pulso do
Estado? Só a ele é dado o direito de negociar como bem entender, sem abrir um
milimetro de sua posição?
Em campo, o Judicário arbitrou o pagamento de
multas de R$ 50 mil por dia se a greve permanecer. E mais: os descontos em
folha de todos os dias parados, que hoje totalizam 18. Não tenho dúvidas:
voltamos para o regime militar. Afinal, estamos no Maranhão, terra de quem pode
e manda. Uma capitania hereditária.
Como as campanhas na imprensa não levaram a
sociedade ao equivoco, foi preciso o Legislativo que nada entende da voz rouca
das ruas, da luta dos professores. E por fim, recorreram ao Judicário, o último
instrumento para apagar do quadro as reivindicações da classe. Uma lástima.
Fonte: Luis Cardoso
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