domingo, 3 de janeiro de 2016

SAÚDE PÚBLICA EM ALTO PARNAÍBA PERMANECE EM ESTADO GRAVE

SAÚDE PÚBLICA EM ALTO PARNAÍBA PERMANECE EM ESTADO GRAVE
“...se preparem os responsáveis pela saúde local”
Hoje terceiro dia de janeiro deste novo ano de 2016, relembramos problemas que sempre alertamos nestas páginas dos blogs.
Pelas redes sociais, a jovem alto-parnaibana Ávila Monique Ribeiro Barros, relatou sobre a situação da saúde pública de Alto Parnaíba - MA, e como são tratadas as pessoas que precisam diariamente deste serviço indispensável.
Fotos cedidas por Ávila
O relato nos deixa encabulados, especialmente por se tratar de situações que não deveria existir em pleno século XXI. E o que nos deixa ainda mais tristes, é que a administração ao invés de cuidar da saúde, das estradas, da cidade, da administração que se nega a mostrar os gastos públicos, prefere subir em palanque e tentar ludibriar o povo falando em pesquisa para reeleição, e ainda, falar de amor ao povo por que põe uma banda de forró em réveillon.
Confira o relato da jovem Ávila Monique Ribeiro Barros na íntegra (LEIA OS COMENTÁRIOS - CLIQUE AQUI):
“Como profissional da área sei como está a questão da saúde pública no Brasil. Porém, quando estamos do outro lado da moeda, digo como paciente ou familiar, precisando de assistência é que vemos que há sempre o que fazer por aquele que sofre.
Neste fim do Ano de 2015, assim como qualquer pessoa fui ansiosa para festejar com a minha família as festividades Natal e Ano Novo, pois moro distante e passo a maior parte do ano longe daqueles que amo. Na ocasião, já havia sido informada sobre a situação da saúde do meu avô materno, que não era muito estável. No entanto imaginava que o mesmo estava sendo assistido da melhor forma possível pelos profissionais de Saúde da minha querida Alto Parnaíba MA.
Pois bem, vou lhes contar essa história que infelizmente teve um triste fim...
Hospital Municipal / Imagem: Reprodução
Meu avô que já não estava passando bem há alguns dias, apresentou piora no seu quadro clínico no dia 22 de dezembro de 2015, o mesmo era hipertenso e sofria de uma patologia neurológica chamada Parkinson. O mesmo foi atendido por várias vezes nas unidades de Saúde da cidade e no último atendimento a profissional de Saúde que o atendera passou um medicamento conhecido como Citoneurim, que para os conhecedores da área é um medicamento de uso contra indicado para portadores da referida doença (é só conferir a bula). Enfim, a medida que o medicamento era administrado conforme a prescrição da médica, o meu avô não apresentava melhora, muito pelo contrário, sua condição só piorava. Foi aí que no dia 22/12/2015 ele foi hospitalizado na única unidade de Saúde do Sistema Único de Saúde da cidade.
No mesmo dia eu me deslocava de Goiânia, cidade onde resido atualmente para a minha querida terra natal Alto Parnaíba. No dia seguinte, já na cidade, me dirigi até o hospital, chegando lá, me deparei com uma cena deplorável, que vou narrar com muita tristeza: 
- Meu avô, cidadão de 88 anos, trabalhador incansável. Ali naquele momento em um leito de hospital totalmente insalubre, que na minha opinião não tinha a mínima condição de uma assistência humanizada. Na ocasião procurei me interar sobre a real situação, apesar de perceber que as condições não favoreciam um bom prognóstico. Meu coração cortou, como se uma faca tivesse sido fincada no meu peito.
Tentei de todas as formas fazer com que colocassem pelo menos uma oxigenoterapia, procedimento que já deveria ter sido realizado desde o primeiro momento da internação. Pois bem, passadas algumas horas, foi colocado uma bala de O2 a 5litros, só para constar, bem aquém da real necessidade do meu avô, que poderia ser um paciente meu. Ele se encontrava comatoso, com nível de consciência totalmente rebaixado e com padrão respiratório totalmente insatisfatório já com utilização de músculos acessórios para respirar.
O sofrimento era eminente, a minha tristeza e sentimento de impotência me partia ao meio. Falei novamente com os profissionais daquela unidade de Saúde sobre a necessidade de aumentar o fluxo de O2, porém fui informada que não seria possível aumentar o fluxo porque a bala estaria com defeito e não havia outra disponível. Foi revoltante naquele momento perceber que os profissionais de Saúde daquele hospital já havia assinado o atestado de óbito do meu avô que ainda estava ali, lutando bravamente pela sua vida. Enfim a madrugada foi chegando e a vida do meu avô que não teve a mínima chance foi se despedindo. Enfim em uma determinada hora da noite a angústia tomou conta de mim, que sou profissional de Saúde e estava ali, sem poder fazer nada. Infelizmente meu avô veio a ter uma Parada Cardiorrespiratória na madrugada do dia 24 de dezembro (véspera de Natal). No momento em que percebi a situação imediatamente comuniquei as únicas profissionais que estavam ali, duas técnicas de Enfermagem.
O médico???? Acho que estava na sua residência, no conforto do seu leito, que provavelmente era climatizado por bom ar condicionado. Enfim, sem ter o que fazer comecei junto com as técnicas de Enfermagem as manobras de Suporte Básico de Vida, no escuro, pois a enfermaria naquele momento estava sem iluminação. A situação era estarrecedora. Tive no momento também o auxílio do meu irmão que estava comigo. Foram longos 45 minutos de reanimação, sem a presença de um profissional médico, para prescrever no mínimo uma adrenalina. No hospital não havia nem mesmo um ambu, ou um desfibrilador. Com a chegada do SAMU me veio a esperança, quando questionei sobre a existência do equipamento para desfibrilação, fui informada que o único existente estava danificado. Rios de suor derramado misturado às lágrimas de desespero, tristeza e acima de tudo revolta, não adiantaram, pois o meu avô faleceu em meus braços, sem a mínima chance de sobrevivência.
A negligência é tamanha e falta de amor pela profissão e pelo paciente me fez por um momento ter vergonha de ser profissional de saúde. Após o óbito e depois de um bom tempo o profissional médico, responsável pelo plantão chega a unidade, pois estava em SUA CASA, durante o horário de trabalho, e chegou apenas para assinar o atestado de óbito que já sido decretado desde à internação do meu avô!!!! Triste realidade de uma cidade que tanto amo, que tive que sentir na minha própria pele em um momento que deveria ser de confraternização.
Negligência com a vida do outro é um crime hediondo, a Justiça dos Homens pode nada fazer, mais a justiça daquele que nunca dorme DEUS sempre se faz.

Esse meu texto é uma crítica, uma denúncia, um desabafo à situação de descaso em que os doentes de Alto Parnaíba estão sofrendo. Por enquanto é só um desabafo, mais se preparem os responsáveis pela saúde local, logo será uma denúncia formal e assinada para que vocês se expliquem diante das autoridades competentes. Ah, só para constar, em 24 h de internação meu avô adquiriu 2 úlceras por pressão que mostra a total falta de cuidados!!!!”.

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