SAÚDE PÚBLICA EM ALTO PARNAÍBA
PERMANECE EM ESTADO GRAVE
“...se
preparem os responsáveis pela saúde local”
Hoje terceiro dia de janeiro deste novo
ano de 2016, relembramos problemas que sempre alertamos nestas páginas dos
blogs.
Pelas redes sociais, a jovem
alto-parnaibana Ávila Monique Ribeiro Barros, relatou sobre a situação da saúde pública de Alto
Parnaíba - MA, e como são tratadas as pessoas que precisam diariamente deste
serviço indispensável.
Fotos cedidas por Ávila |
Confira o relato da jovem Ávila Monique Ribeiro Barros na íntegra (LEIA OS COMENTÁRIOS - CLIQUE AQUI):
“Como
profissional da área sei como está a questão da saúde pública no Brasil. Porém,
quando estamos do outro lado da moeda, digo como paciente ou familiar,
precisando de assistência é que vemos que há sempre o que fazer por aquele que
sofre.
Neste
fim do Ano de 2015, assim como qualquer pessoa fui ansiosa para festejar com a
minha família as festividades Natal e Ano Novo, pois moro distante e passo a
maior parte do ano longe daqueles que amo. Na ocasião, já havia sido informada
sobre a situação da saúde do meu avô materno, que não era muito estável. No
entanto imaginava que o mesmo estava sendo assistido da melhor forma possível
pelos profissionais de Saúde da minha querida Alto Parnaíba MA.
Pois
bem, vou lhes contar essa história que infelizmente teve um triste fim...
Hospital Municipal / Imagem: Reprodução |
No
mesmo dia eu me deslocava de Goiânia, cidade onde resido atualmente para a
minha querida terra natal Alto Parnaíba. No dia seguinte, já na cidade, me
dirigi até o hospital, chegando lá, me deparei com uma cena deplorável, que vou
narrar com muita tristeza:
-
Meu avô, cidadão de 88 anos, trabalhador incansável. Ali naquele momento em um
leito de hospital totalmente insalubre, que na minha opinião não tinha a mínima
condição de uma assistência humanizada. Na ocasião procurei me interar sobre a
real situação, apesar de perceber que as condições não favoreciam um bom
prognóstico. Meu coração cortou, como se uma faca tivesse sido fincada no meu
peito.
Tentei
de todas as formas fazer com que colocassem pelo menos uma oxigenoterapia,
procedimento que já deveria ter sido realizado desde o primeiro momento da
internação. Pois bem, passadas algumas horas, foi colocado uma bala de O2 a
5litros, só para constar, bem aquém da real necessidade do meu avô, que poderia
ser um paciente meu. Ele se encontrava comatoso, com nível de consciência
totalmente rebaixado e com padrão respiratório totalmente insatisfatório já com
utilização de músculos acessórios para respirar.
O
sofrimento era eminente, a minha tristeza e sentimento de impotência me partia
ao meio. Falei novamente com os profissionais daquela unidade de Saúde sobre a
necessidade de aumentar o fluxo de O2, porém fui informada que não seria
possível aumentar o fluxo porque a bala estaria com defeito e não havia outra
disponível. Foi revoltante naquele momento perceber que os profissionais de
Saúde daquele hospital já havia assinado o atestado de óbito do meu avô que
ainda estava ali, lutando bravamente pela sua vida. Enfim a madrugada foi
chegando e a vida do meu avô que não teve a mínima chance foi se despedindo.
Enfim em uma determinada hora da noite a angústia tomou conta de mim, que sou
profissional de Saúde e estava ali, sem poder fazer nada. Infelizmente meu avô
veio a ter uma Parada Cardiorrespiratória na madrugada do dia 24 de dezembro
(véspera de Natal). No momento em que percebi a situação imediatamente
comuniquei as únicas profissionais que estavam ali, duas técnicas de
Enfermagem.
O
médico???? Acho que estava na sua residência, no conforto do seu leito, que
provavelmente era climatizado por bom ar condicionado. Enfim, sem ter o que
fazer comecei junto com as técnicas de Enfermagem as manobras de Suporte Básico
de Vida, no escuro, pois a enfermaria naquele momento estava sem iluminação. A
situação era estarrecedora. Tive no momento também o auxílio do meu irmão que
estava comigo. Foram longos 45 minutos de reanimação, sem a presença de um
profissional médico, para prescrever no mínimo uma adrenalina. No hospital não
havia nem mesmo um ambu, ou um desfibrilador. Com a chegada do SAMU me veio a
esperança, quando questionei sobre a existência do equipamento para
desfibrilação, fui informada que o único existente estava danificado. Rios de
suor derramado misturado às lágrimas de desespero, tristeza e acima de tudo
revolta, não adiantaram, pois o meu avô faleceu em meus braços, sem a mínima
chance de sobrevivência.
A
negligência é tamanha e falta de amor pela profissão e pelo paciente me fez por
um momento ter vergonha de ser profissional de saúde. Após o óbito e depois de
um bom tempo o profissional médico, responsável pelo plantão chega a unidade,
pois estava em SUA CASA, durante o horário de trabalho, e chegou apenas para
assinar o atestado de óbito que já sido decretado desde à internação do meu
avô!!!! Triste realidade de uma cidade que tanto amo, que tive que sentir na
minha própria pele em um momento que deveria ser de confraternização.
Negligência
com a vida do outro é um crime hediondo, a Justiça dos Homens pode nada fazer,
mais a justiça daquele que nunca dorme DEUS sempre se faz.
Esse
meu texto é uma crítica, uma denúncia, um desabafo à situação de descaso em que
os doentes de Alto Parnaíba estão sofrendo. Por enquanto é só um desabafo, mais
se preparem os responsáveis pela saúde local, logo será uma denúncia formal e
assinada para que vocês se expliquem diante das autoridades competentes. Ah, só
para constar, em 24 h de internação meu avô adquiriu 2 úlceras por pressão que
mostra a total falta de cuidados!!!!”.
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