sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A CONDIÇÃO PÓS-MODERNA - Lyotard

A CONDIÇÃO PÓS-MODERNA


RESENHA



José Augusto Santos da Silva

José Cleiton da Silva Gomes

Junio dos Santos Pereira

Ronaldo Pereira de Araújo

Rubeval Pinheiro Costa





Introdução


Lyotard é um nome incontornável em qualquer referência à pós-modernidade. Na sua obra, "A condição pós-moderna" (LYOTARD, 1989), faz uma análise da condição do saber na atual situação da cultura ocidental, apontando a reformulação da natureza do saber como estando no centro de uma mudança histórica e cultural. "A condição pós-moderna" é um ensaio sobre essa hipótese de estarmos a viver uma era na qual o saber muda de estatuto em toda a sua natureza: nos seus referentes, nos seus destinadores e nos seus destinatários.

Lyotard afirma que "pós-moderno é a incredulidade em relação às metanarrativas. Esta é, sem dúvida, um efeito do progresso das ciências, mas este progresso pressupõe-na" (LYOTARD, 1989, p.12). Ou seja, dito por outras palavras, a ciência é sempre a narrativa de uma narrativa ou, por outras palavras ainda, faz parte enquadra-se numa macro-narrativa. Esta macro-narrativa é normalmente uma filosofia de ciência com a qual ela se justifica e se legitima.

O termo pós-modernidade está em uso no continente americano na escrita de sociólogos e de críticos. Está presente também na literatura e na ciência, por sua vez, afetando as regras do jogo, designando assim, um estado de cultura.

Entretanto, existe agora uma crise onde o que outrora significava algo, agora não mais; por exemplo, o conflito entre indivíduo e sociedade que agora não existe, pois indivíduo e sociedade são um. Esse novo modo de pensar é hoje a tendência predominante em filosofia, em psicologia, em sociologia e em outros campos.

  Muitos dos conceitos mais seriamente perturbadores estão sendo “eliminados” pela demonstração que hoje não se podem encontrar justificativas adequadas em termos de operação ou comportamentos.

Portanto, a ciência é apresentada com conflitante com as narrativas, ou seja, o discurso moderno não oferece mais um discurso satisfatório, surgindo então uma nova forma de pensar.




1. O Saber Nas Sociedades Informatizadas


A mudança de estatuto do saber sobre a qual se refere Lyotard consiste por assim dizer, em uma nova maneira de aplicação deste nas sociedades pós-modernas. Dando ao saber científico um caráter puramente discursivo, ou seja, para ele, somente esta forma de saber dispõe de instrumentos que podem dá ao discurso um caráter de certificação.

Afirma ainda, que todas as ciências e as técnicas mais sofisticadas têm seu ponto de incidência na linguagem que é o elemento fundante do discurso. Mas, por conta de tal incidência técnico-científica, instrumentos de transformação o saber, como afirma Lyotard, “acaba sendo afetado tanto no campo da investigação como na transmissão de conhecimento”.

E, uma vez que este saber se apresenta codificado, surge de imediato à necessidade que este seja traduzido para uma linguagem a qual todos possam ter acesso. Por exemplo: a tradução dos termos inerentes à informática.

Assim, “tanto os produtores de saber como seus utilizadores devem e deverão ter os meios de traduzir esta linguagem o que uns procuram inventar e outros aprender” (LYOTARD, 1989. p.18). Neste caso, uma vez que, tanto usuários como detentores do saber precisam fazer este trabalho de tradução, resta-nos considerar que talvez seja esse motivo pelo qual afirma Lyotard: “o saber é e será produzido para ser vendido e, é e será consumido para ser valorizado numa nova produção; em ambos os casos, para ser trocado. Ele deixa de ser, para si mesmo a sua própria finalidade, perde seu valor de uso” (LYOTARD, 1989. p.18).

O reflexo dessa prática pode ser claramente percebido nas sociedades pós-modernas, desenvolvidas, sobretudo, nos países desenvolvidos que cada dia estão mais competidores entre si deixando de fora aquelas sociedades (países) em via de desenvolvimento. E como garante Lyotard, “eles se baterão no futuro para dominar as informações”.

Resultado: aqueles que tiverem o domínio das informações, indiscutivelmente serão sempre os melhores em todas as esferas das sociedades modernas e pós-modernas. Isto significa que, quem não dominar as novas informações que surgiram no decorrer da História serão eternamente “refém” daqueles que detêm o domínio de tais informações.

Dessa maneira a conclusão lógica a que chegamos é a de que o conhecimento hoje, nada mais é senão um poderoso instrumento de dominação.




3. O método: os jogos de linguagem


Pelo que se entende, definir uma realidade de um anunciado é justificar os anunciados dos termos. Portanto, o que se percebe em relação a esses métodos utilizando os jogos de linguagem é que anuncia fatos pragmáticos por meio de um acontecimento denotativo, afirmando-a que a universidade está doente. Porém para posicionar este problema utilizar-se-á três vias que ajudara a entender este discurso.

No entanto, o primeiro chama-se de destinador aquele que tem como função enunciar uma expressão lingüística de sentido completo que ainda não se pode declarar se o anuncia verdadeiro ou falso. Neste sentido há um destinatário que tem como função receber o anunciado que provém a um referente aquilo que trata o enunciado.

E o que afirma neste complemento é que o único que sabe da situação presente na universidade é o destinador ficando em uma posição onde tem uma funcionalidade que lhe permite escolher entre dar ou recusar seu assentimento e o referente é também aprendido de forma própria podendo identificar o enunciado a que se refere.

Evidentemente, Lyotard se expressa de maneira afirmativa que os enunciados emitidos sejam compreendidos, podendo assim também prever a condição geral da comunicação, que de maneira negativa permite distinguir entre os enunciados ou os seus efeitos coincidindo com a sua enunciação, embora se afirma que: “o destinador deve estar dotado de autoridade para o proferir; mas pode-se descrever esta condição inversamente: ele só é dão ou reitor [...] desde que, ao proferi-los, obtém o efeito imediato que dissemos, tanto sobre o seu referente, a universidade, como sobre o seu destinatário, o corpo docente”. (LYOTARD, 1989. p. 28).

Porém há outros casos diferentes que se apresentam por ordens, mandos, instruções, etc. Que se coloca com autoridade destinando a efetuação da ação referida, que se destaca também neste estudo da linguagem centrada sobre os efeitos dos discursos é que são determinadas por regras normalizando toda ação ou todo deslocamento das peças.

 Estas regras, porém, em uma primeira compreensão não tem legitimação em se mesmas, mas podendo revelar objeto de um contrato explicito ou não entre os jogadores que falta de regra fica bem claro que não há jogo.

Assim, continua-se a justificar em Lyotard, que falar é combater no sentido de jogar independentemente da sua aplicação ser feita nas técnicas relativa aos homens tornando uma força produtiva.



                                  

5. A natureza do vínculo social: a perspectiva pós-moderna.


Neste capítulo, J. F. Lyotard comenta minuciosamente o papel dos decisores e de seus relatos, preocupando-se em divulgar e esclarecer papéis sociais. Esses relatos determinam os critérios de competência e/ou ilustram a sua aplicação. Eles definem o que se tem de fazer na cultura, e sendo uma parte desta, encontram-se assim, legitimados.

Uma das características do saber que os indivíduos possuem, é a sua relação com a cultura. A cultura fornece as balizas do consenso para se julgar que um dado saber é legítimo. Por seu lado, os consensos estabelecidos são indicadores da cultura de cada povo. Desta forma, o saber pode ser visto como a própria cultura.

A transmissão dos saberes não aparece mais como destinada a formar uma elite capaz de guiar a nação em uma emancipação. Ela fornece ao sistema os jogadores capazes de assegurar convenientemente seu papel junto aos postos pragmáticos de que necessitam as instituições.

  Curioso notar que, no contexto do estudo do problema da legitimação do saber, Lyotard socorre-se do estudo dos jogos da linguagem, porque os seus lances, ou enunciados, constituem o que ele chama "Vínculo social observável" (LYOTARD, 1989. p. 31). O estudo dos jogos da linguagem é o seu método de exploração da legitimação do saber.

Isto significa que perceber as relações sociais é apreender os efeitos dos jogos de linguagem e não só a “mecânica” da comunicação dada pela teoria da comunicação que se dá com uma natureza de combate, e daí a agonística da linguagem. Assim, o saber do indivíduo de vínculos pós-modernos não é um mero átomo sem poder que serve, sobretudo a função da manutenção do sistema, mas, antes, é um indivíduo que, estando “situado em ‘nós’ de circuitos de comunicação” (LYOTARD, 1989. p.41), tem sempre o poder de os afetar dentro de certos limites.

Entretanto, aquele vínculo social difere consoante os jogos da linguagem se situem num contexto moderno ou pós-moderno de legitimação do saber. Lyotard distingue entre destinador, destinatário e referente quando se trata de efetuar jogos de linguagem. O destinador é quem profere o enunciado, o destinatário é aquele que o recebe e o referente é o sujeito do enunciado, aquilo de que trata o enunciado.

Ora estes três intervenientes da linguagem ficam em posições específicas em face de determinados enunciados. Por outras palavras, cada enunciado tem os seus efeitos e por isso se pode dizer que Lyotard está sobretudo interessado na pragmática da linguagem.

Os jogos da linguagem são diferentes discursos possíveis que colocam os três intervenientes em posições específicas e particulares uns em relação aos outros. Na exploração e clarificação que Lyotard (1989) quer fazer do significado do termo jogos da linguagem.

Todavia, numa perspectiva pós-moderna, o saber, os jogos de linguagem e, portanto, o vínculo social é por um lado, mais localizado, não se referenciando a um sistema orgânico total e não se baseiam numa simples teoria clássica da comunicação, mas, antes, supõem “uma teoria de jogos que inclui a agonística nos seus pressupostos” (LYOTARD, 1989. p. 43-44).




10. A deslegitimação


O autor tem como visão à organização pós-moderna, tendo como ponto de destaque a deslegitimação do processo regulador, que delineia o sabre de maneira bastante comparativa com séculos passados e com o atual. Para ele a sociedade não tem um poder de unificação e legitimação, devido à fragmentação latente das esferas do saber cientifico. “Esta erosão acha-se em ato no jogo especulativo. E é ela que, ao desmanchar a trama enciclopédica na qual cada ciência deriva encontra o seu lugar as deixa emancipar” (LYOTARD, 1989. p. 82).

Os diversos campos científicos caminham separadamente, independentemente sem qualquer relação; cada qual com a sua artimanha, “seu jogo de linguagem”. Percebemos hoje que tudo é por parcela, principalmente os setores do saber e dos serviços que nos prestam por meio dos grupos sociais.
LYOTARD, Jean-François. A Condição Pós-Moderna. Lisboa: Gradiva, 1989. p. 11-22; 27-31; 39-45; 79-86.   


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