quarta-feira, 27 de abril de 2011

COISAS DE ALTO PARNAÍBA

COISAS DE ALTO PARNAÍBA

FOTO: André Pereira de Sousa

No dia 23/04/2011 Foi comemorado em Alto Parnaíba-MA o Famoso sábado de Aleluia onde foram feitos em varios bairros o "Judas" tipico da cultura Sul Maranhence.

FOTO: Marina Mascarenhas de Araujo
Qual adolescente de hoje sabe o que é a brincadeira da malhação de Judas? Ela é uma tradição ligada a Semana Santa que, praticamente, sumiu das grandes cidades, mas ainda persiste nos municípios menores. Feito de serragem ou estopa, e vestido com calça, blusa, sapatos e demais adereços que lembrassem um homem de verdade. Depois de preparado, ele era amarrado em um poste até a hora fatídica. À meia-noite, era surrado em lembrança à traição de Judas Iscariotes a Jesus de Nazaré. Antropologicamente, estudiosos atribuem o significado de malhar, ou matar, o Judas a exterminar um representante do mal que existe na sociedade. O bispo de Caruaru, dom Bernardino Marchió, vai além e acredita que, ao malhar o boneco, as pessoas procuram se purificar. “Ele representa o desejo de combater dentro do ser humano o mal e o desrespeito”, disse o religioso. O bispo frisou que a prática não tem relação com a Igreja Católica. A brincadeira tem origem na fé e religiosidade e remonta à Idade Média. O início da “surra” em Judas está na fundação do cristianismo, como conta o doutor em História e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Biu Vicente. “Temos que verificar que Judas é um personagem da história bíblica. E as religiões que surgiram após o incidente de Judas e sua traição a Jesus, quiseram encontrar uma maneira de culpar alguém pela morte de Jesus”, comentou o professor. Segundo ele, a prática ganhou força desde que o cristianismo venceu os deuses, que eram seguidos em Ro­ma, e os escritos cristãos pu­seram sobre os judeus a responsabilidade da morte de Jesus. Paralelamente, entre os judeus, Judas foi es­colhido para ser responsabilizado pelos sofrimentos que Jesus passou. “Essa foi um política cultural seguida na Idade Média e na Idade Moderna, mas esse costume de encontrar algo ou alguém para assumir o erro de muitos já existia antes do cristianismo”, justificou Vicente. Agora na lembrança da maioria, a malhação virou história de pais e avós do Interior. “Meus pais e avós passaram a tradição para mim. Era uma festa. Quem subia no poste e pegava o Judas primeiro ganhava até prêmio”, relembrou o comerciante Cicero Ludugero, de 58 anos. O autônomo José Orlando, 55, acredita que o tempo e a tecnologia acabaram com a prática da Semana Santa.

Por André Pereira de Sousa
http://altoparnaiba.blogspot.com

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