sábado, 18 de dezembro de 2010

O MITO DA CAVERNA

O MITO DA CAVERNA
Imaginemos uma caverna separada do mundo extremo por um alto muro. Entre o muro e o chão da caverna acorrentados sem poder mover a cabeça nem locomover-se, forçados a olhar apenas para a parede. Vivendo sem nunca ter visto a luz do sol, sem jamais ter visto sequer um ao outro, mas apenas as sombras. há uma fresta (buraco) por onde entram um feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos vivem ali dentro,
Do lado de fora, passam pessoas conversando carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais, cujas sombras são projetadas no interior da caverna, como se fossem um teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, sons de suas falas e imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros incomodado com tudo aquilo, resolve quebrar as correntes através de um instrumento que ele próprio fabrica. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados.
Ele sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento. Incredulidade porque será obrigado a decidir onde se encontra a realidade: no que vê agora ou nas sombras em que sempre viveu. Deslumbramento porque seus olhos não conseguem ver com nitidez as coisas iluminadas. Seu primeiro impulso é retornar à caverna para livrar-se da dor e do espanto, atraído pela escuridão que lhe parece mais acolhedora.
Aos poucos ele se habitua a luminosidade e começa a ver o mundo. Encanta-se com a felicidade de finalmente ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. No entanto, o que lhe resta é apenas lamentar pelos seus companheiros que estão presos. Enfim, toma a decisão de retornar à caverna para convencer seus companheiros e assim, liberta-los.
Porém, ao chegar, os seus companheiros zombam dele, não acreditando em suas palavras. Apesar dos seus companheiros caçoarem dele, ele continua tentando convencê-los, mas eles avançam contra ele e o matam.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003.

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